Os prejuízos que o greening causa na citricultura mundial são vários e de grande porte. As bactérias, por obstruir os vasos dos floemas, fazem com que as plantas não consigam se alimentar adequadamente, o que leva à queda dos frutos e, em seguida, ao definhamento da árvore.
A doença, que chega de maneira silenciosa e que pode permanecer durante muito tempo incubada — o que facilita ainda mais a sua disseminação —, muitas vezes tem o seu diagnóstico tardio.
É indescritível o desespero que os citricultores sentem ao ver a produtividade cair e o pomar morrer sem que haja o que fazer. Nesse sentido, a orientação maior é a de que sejam trabalhadas com muita intensidade as medidas de prevenção e as práticas de manejo da doença.
Atualmente, há algumas ferramentas nesse sentido; uma delas é o cuidado com a faixa de borda. Se você ainda não sabe qual é a importância dessa parte do pomar e como você pode cuidar dela para evitar o greening, este post é para você. Confira!
O que é a faixa de borda e por que ela é tão importante no manejo do greening?
A faixa de borda é a extensão do pomar que fica nas divisas da propriedade, ou seja, são todas aquelas árvores que se encontram na periferia da plantação.
Trata-se de uma faixa do pomar muito importante! Estima-se que cerca de 80% dos psilídeos de uma plantação infectada estejam nas árvores que se encontram nos primeiros 200m a partir das divisas. Isso acontece pois essa fronteira é o primeiro lugar onde os insetos pousam quando migram de uma fazenda para outra.
Dessa maneira, despender alguns esforços mais específicos a essa extensão gera resultados muito positivos sempre!
Quais são os cuidados necessários?
Atualmente, existem alguns cuidados que podem ser aplicados às faixas de borda e que costumam ser bastante eficientes quando o assunto é o manejo do greening. Confira!
Intensificação
Uma prática para evitar a infestação do greening no pomar é manter as faixas de borda sempre bem cheias, isto é, sem muitas lacunas entre as árvores. A ideia dessa técnica é fazer com que o pomar fique protegido pela faixa de borda. Considerando que os psilídeos chegam primeiro às fronteiras, essa região — se bem cheia — evitaria que os psilídeos atingissem o interior do pomar e se espalhassem mais rapidamente.
A recomendação é a de, além de organizar a faixa de borda de modo que ela fique espessa, procurar realizar sempre o replantio de eventuais árvores dessa extensão que tenham sido eliminadas.
Na hora de realizar a compra de novas mudas para reposição na baixa de borda, também é preciso ter atenção. Procure sempre a aquisição de mudas certificadas — certificação essa que é determinada por lei. Também verifique as pernadas; o ideal é que elas já estejam formadas considerando que, dessa maneira, se reduz o período de exposição da planta ao psilídeo. Essa é, inclusive, uma medida fortemente indicada para evitar qualquer doença da citricultura.
Plantio paralelo
Em uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP/Jaboticabal, foi constatada uma infestação 23% menor em talhões com plantio paralelo. A pesquisa levou em consideração 8 fazendas e 16 pares de talhões vizinhos, com mesma variedade, idade e espaçamento, com plantas nos primeiros 160m a partir da divisa de cada fazenda.
Em cada par, as árvores foram plantadas em posição paralela e outro em posição perpendicular. Como resultado, observou-se que o pomar cuja faixa de borda foi plantada no sentido paralelo apresentou laranjeiras menos doentes do que os talhões com o outro tipo de plantio.
Um motivo para isso seria o fato de que o plantio paralelo dificultaria a penetração do psilídeo, já que as plantas estão dispostas de maneira que se forme uma barreira mais intensa na faixa de borda.
Outra vantagem interessante para esse tipo de plantio é a facilidade na hora da aplicação dos inseticidas. Isso porque o plantio paralelo faz com que sejam necessárias menos manobras com o pulverizador.
Inspeção
A inspeção é uma técnica adotada para o manejo do greening em todo o pomar, mas a sua execução com atenção nas faixas de borda é de suma importância. Quanto antes se identifica a presença dos psilídeos nessa região, maiores são as chances de sucesso na adoção de medidas para a sua eliminação.
Recomenda-se que a inspeção nessa faixa, assim como em todo o pomar, seja realizada por profissionais capacitados e com bom conhecimento da doença, já que é necessário saber identificar o psilídeo com precisão.
Parte dos procedimentos de inspeção, há ainda o preenchimento do relatório da Gestão de Defesa Animal e Vegetal (GEDAVE). O objetivo desse documento é informar os resultados de, ao menos, uma inspeção obrigatória a cada trimestre desde o último relatório preenchido. As informações que devem ser fornecidas são relacionadas ao número de plantas que apresentaram sintomas e foram retiradas do pomar.
Além disso, as armadilhas também são uma excelente tática de inspeção. Uma peça adesiva deve ser colocada em cada planta, de modo que ela seja capaz de capturar psilídeos quanto esses se encontram na árvore. A inspeção dessas armadilhas deve ser realizada semanalmente e isso contribui para uma rápida identificação do inseto no pomar, permitindo que outras medidas possam ser adotadas em tempo.
Pulverização
Outro esforço com a faixa de borda que é uma excelente técnica no manejo do greening é a pulverização cuidadosa dessa região. A aplicação de inseticidas é necessária como modo de prevenção, mas a recomendação específica para a faixa de borda recai sobre o mesmo motivo da intensificação da região: por ser o local onde os insetos costumam se alojar primeiro na plantação, a pulverização das fronteiras é essencial para evitar o avanço do psilídeo.
Recomenda-se que a pulverização nas faixas de borda sejam realizadas semanalmente em pelo menos 100m da extensão fronteiriça da propriedade; dessa forma, estima-se que 95% dos psilídeos presentes sejam atingidos, o que resulta em uma prevenção de até 75% das infecções.
Agora que você já sabe mais sobre a faixa de borda e todos os cuidados necessários com essa parte do pomar, saiba que há diversas outras alternativas para se combater o greening. Quer saber quais são elas? Confira nosso post!