A citricultura brasileira é uma das maiores do mundo. Na safra 2018/2019 foram produzidas cerca de 192,7 milhões de toneladas de frutos cítricos. A laranja, o fruto mais produzido no Brasil, ocupa a primeira posição do ranking mundial, com um total de 15,8 milhões de toneladas produzidas na safra 2019/2020.
Abastecendo o planeta, o agronegócio citrícola representa grande parte das exportações do agricultura brasileira. Além da laranja, o país também tem grande produção de tangerinas, limas e limões. Em 2019, as exportações de limas e limões alcançaram cerca de 94 milhões de dólares, sendo a Holanda e o Reino Unidos nossos maiores compradores.
Porém, tamanha produção traz receios proporcionais: são várias as doenças que ameaçam os pomares citrícolas. Os desafios dos citricultores são diários na missão de produzir bem. Você sabe quais são essas doenças? Preparamos este post com as principais, para que você se mantenha sempre informado. Confira!
As principais doenças que afetam os frutos cítricos no Brasil
Greening
Esta lista não poderia iniciar de outra forma: o greening é a doença que mais ameaça a produção de citros atualmente — não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Causada por bactérias do gênero Candidatus Liberibacter e transmitida pelo psilídeo Diaphorina citri, essa doença é responsável pelo definhamento da planta e por quedas drásticas na produção.
Seus sintomas principais se resumem em cloroses com formato assimétrico nas folhas, que podem ficar mais grossas e apresentar nervura central bastante espessa. Os frutos que nascem de árvores contaminadas apresentam tamanho menor do que o normal, com aparência deformada e, no interior, sementes abortadas.
Cancro cítrico
Também causada por bactéria — nesse caso, a Xanthomonas citri —, sua disseminação no campo se dá por meio da água da chuva associada a ventos, pela irrigação e ainda pode acontecer através de maquinários, pessoas e veículos que transitam pelos pomares contaminados. De origem asiática, seu primeiro registro no Brasil é de 1957.
Seus sintomas principais são a presença de lesões salientes nas planta, de cor em tons de marrom. Há halos amarelos ao redor das lesões, que podem aparecer tanto nas folhas, ramos e frutos, podendo sofrer queda significativa.
Amarelinho
Também conhecida como Clorose Variegada dos Citros (CVC), a doença é causada por bactéria, sendo a Xylella fastidiosa a responsável. A atuação da bactéria nessa doença acontece especificamente no xilema da planta, causando uma obstrução dos vasos responsáveis pelo fornecimento de água e nutrientes. Por conta disso, os prejuízos são bastante acentuados.
Entre os principais sintomas do amarelinho, está a presença de manchas pequenas que mudam de cor a depender da localização: na parte da frente da folha, as manchas são amareladas e, na parte de trás, são em tons de palha. Os frutos ficam pequenos, endurecidos e não podem ser comercializados, nem utilizados na indústria.
Gomose
Diferente das anteriores, a gomose é uma doença causada por um oomiceto (primo do fungo), que vive no solo. A Phytophthora parasitica e P. citrophthora são quem causam a doença, muito comum em regiões de clima subtropical.
Entre os principais sintomas, estão a presença de manchas de cor parda no tronco e com aparência úmida; sua evolução consiste, em seguida, no apodrecimento da casca, fazendo com que sejam formados cancros com exsudação de goma. A doença também pode acometer as raízes causando o apodrecimento das mesmas Com o passar do tempo, o destino é a seca da planta e, posteriormente, sua morte.
Melanose
Muito prejudicial em pomares de idade mais avançada, a melanose é causada pelo fungo Diaporthe citri e seus sintomas atingem apenas a parte externa das frutas. Trata-se de uma doença que tem aumentado com o passar dos anos no país.
Os principais sintomas da melanose aparecem nos ramos, nas folhas e também nos frutos. Nas folhas, formam-se anasarcas de tamanho pequeno, apresentando um halo de cor amarela ao seu redor. Uma substância gomosa é eliminada pelo rompimento da cutícula na região afetada; essa substância possui consistência firme e sua cor é em tom de marrom. O mesmo tipo de mancha aparece nos frutos.
Pinta preta dos citros
Causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa, essa doença também atinge os pomares mais velhos. A multiplicação desse fungo acontece, principalmente, em frutos, folhas e ramos secos, além de folhas caídas no chão. Trata-se de uma doença cujo controle é a catação de folhas ramos e frutos afetados pela doença e que se encontram caídos no chão e isto representa um alto custo.
Seus principais sintomas são as pequenas manchas pretas, dando o nome à doença. Tratam-se de lesões com bordas marrons escuras ou pretas, com textura saliente. Além disso, o centro da mancha possui coloração em tons de palha.
Também podem surgir outros tipos de sintomas nos frutos, como a falsa melanose, mancha rendilhada, mancha trincada, mancha virulenta e mancha sardenta. Todos os sintomas provocados pelo mesmo fungo.
Leprose dos citros
Atingindo principalmente laranjeiras doces, essa doença é causada pelo vírus Citrus leprosis vírus e é transmitida pelo ácaro Brevipalpus phoenicis. Trata-se de uma doença que acomete mais a regiões cujo clima é tropical e subtropical, sendo as Américas os continentes mais afetados. A leprose dos citros foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1933.
Seus principais sintomas estão nas folhas, ramos e frutos; trata-se de uma doença que não se distribui por toda a planta. Nas folhas, há lesões redondas e lisas, com cor variando entre tons de verde a amarelo. Já nos ramos, as lesões são amarelas no início e, depois, mudam para tons de marrom avermelhado, com textura escamada. Nos frutos, por sua vez, as lesões são rasas e necróticas.
Como você pôde ver, há uma variedade de doenças que afetam os citros no Brasil. Entre as opções que listamos neste post, o greening é a mais avassaladora. Trata-se de uma doença com grandes prejuízos e que precisa de muita atenção na missão de evitar a contaminação dos pomares pela bactéria. Por isso, te recomendamos a leitura do nosso post sobre o que há de mais recente no manejo do greening. Confira!